Eurípedes Waldick Soriano (Caetité, 13 de maio de 1933 — Rio de Janeiro,
4 de setembro de 2008) foi um cantor e compositor brasileiro, ícone da música
classificada como brega.
Em 2007, Patrícia Pillar dirigiu um documentário
sobre o cantor, Waldick, Sempre no Meu Coração.
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Biografia
Nascido na Bahia, filho de Manuel Sebastião
Soriano, comerciante de ametistas no distrito de Brejinho das Ametistas, em sua
cidade natal. Fato marcante de sua infância foi o abandono do lar pela mãe, a
quem era muito apegado.
Em Caetité viveu sua juventude, sempre boêmia, até
um incidente num clube local, que o fez buscar o destino fora da cidade. Desde
muito novo era um inveterado namorador e aventureiro e, seguindo o caminho de
muitos sertanejos, foi tentar a vida em São Paulo.
Antes de ingressar na carreira artística,
trabalhou como lavrador, engraxate e garimpeiro. Apesar das dificuldades,
conseguiu se tornar conhecido nos anos 50 com a música "Quem és tu?".
Ele se destacava por suas canções sobre
dor-de-cotovelo e seu visual revolucionário para a época: sempre usava roupas
negras e óculos escuros.
Seu maior sucesso foi "Eu não sou cachorro
não", que foi regravada em inglês macarrônico por Falcão. Também se
tornaram conhecidas outras músicas suas, tais como "Paixão de um
Homem", "A Carta", "A Dama de Vermelho" e "Se Eu
Morresse Amanhã".
O "fenômeno" Waldick
A posição quase marginal que o ritmo
"cafona" ocupou mereceu uma análise mais acurada e científica, já na
5ª edição, pelo historiador e jornalista Paulo César de Araújo.
Intitulado "Eu não sou cachorro, não - Música
popular cafona e ditadura militar" (Rio de Janeiro, Record, 2005), a obra
traz, já em seu título, uma referência a este cantor e sua música de maior
sucesso. Ali o autor contesta, de forma veemente, o papel de adesista ao regime
de exceção implantado a ferro e fogo no Brasil pelos militares, por parte dos
músicos "bregas". Waldick, segundo ele, é um dos exemplos, tendo sua
música "Tortura de Amor" censurada em 1974, quando foi por ele
reeditada. Apesar de ser uma composição de 1962, o regime não tolerava que se
falasse a palavra "tortura"...
A revista "Nossa História", de dezembro
de 2005, refere-se ao cantor como "o mais folclórico dos cafonas"
(ano 3, nº26, ed. Vera Cruz).
Num dos programas do apresentador Jô Soares, o
músico Ubirajara Penacho dos Reis - Bira - declarou que nos anos 60 tocava
apenas os sucessos de Waldick.
Na sua cidade natal, Waldick sempre foi tratado
com certo menosprezo. Aristocrática, Caetité mantinha apenas nas camadas mais
populares uma fiel admiração. Ali teve dois de seus filhos, gêmeos, de forma
quase despercebida, em 1966. Em meados da década de 90, porém, a cidade teve
num político o resgate do filho ilustre. O vereador Edilson Batista
protagonizou uma grande homenagem, que nomeou uma das principais avenidas com o
nome de Waldick. Pouco tempo depois, o SBT realizava ali um documentário,
encenado por moradores locais, retratando a juventude de Waldick, sua paixão
pela professora Zilmar Moura, a mudança para o sul.
Sílvio Santos aliás, protagonizou com Waldick uma
das mais inusitadas cenas da televisão brasileira: no abraço que deram, foram
perdendo o equilíbrio até ambos caírem, abraçados, no chão. Ali, então,
simularam um affair, provocando hilaridade.
Por tudo isto, Waldick Soriano faz-se símbolo, no
Brasil inteiro, de um estilo, de uma classe social, e da sua manifestação
cultural, pulsante e criativa.
Doença
Waldick teve diagnosticado um câncer de próstata
em 2006. Em 2 de julho de 2008 foi divulgado que seu estado de saúde era grave,
pois já ocorrera metástase da doença. Veio a falecer em 4 de setembro no
Instituto Nacional do Câncer (Inca), em Vila Isabel, zona norte do Rio de
Janeiro.